Expandindo um pouco o comentário que coloquei lá:
Primeiro um meta-comentário:
Não resisti a colocar um lá uma crítica preconceituosa e imprecisa: "Infelizmente a MS não entende o que é política pública (devem ser do partido Republicano)."
Essa crítica é imprecisa, pela generalização, pois fui associando a MS, como um todo, à opinião de apenas um de seus executivos, não importa quão qualificado hierarquicamente ele seja, ou que o seu chefe tenha expressado opiniões similares em outras ocasiões, a MS tem pessoas com posições, e especificamente políticas postas em prática muito mais favoráveis ao código aberto e livre. Como em todas as organizações vemos diferentes posturas e comportamentos se manifestando as vezes de forma coesa, e por vezes de forma desconcertante.
A crítica é preconceituosa porque, de novo, generaliza para uma legenda partidária americana uma associação com um ideário que não lhe é exclusivo e que de novo como uma complexa organização tem diversas gradações de sua defesa/adoção pelos seus diversos membros. Veja-se como exemplo a postura 'verde' do governador californiano, o sr. Schwarzenegger.
Voltando ao comentário em si:
Todo governo tem que buscar um equilíbrio entre o quanto intervem em determinados setores e quanto deixa o mercado se auto-dirigir nesses mesmos setores, pensando sempre de forma estratégica.Em termos de estratégia, para um Brasil melhor (o que necessariamente não significa ser um país que lidere economicamente ou tecnologicamente) incentivar o software livre, e na verdade toda a cultura 'open' (Open Science, Open Data, Open Politics) é o caminho para que todos possam crescer na compreensão dos problemas e oportunidades e todos possam participar da construção de sucessivos futuros cada vez melhores para todos os brasileiros e para todo o mundo em verdade.
A inovação que é 'retida' atrás de uma muralha econômica, ou seja, que apenas aqueles que podem pagar um preço arbitrariamente estipulado podem dela usufruir, não cumpre o papel que lhe é inerente e que, de novo, por um ato do poder institucional lhe atribui benefícios exclusivos, os chamados direitos de 'propriedade' intelectual.
O desenvolvimento colaborativo e aberto, inclusive com participação de entidades governamentais, é na verdade a forma mais eficaz de trazer a inovação e de garantir que ela possa beneficiar o maior número de pessoas e organizações, direta e indiretamente.
Enquanto as corporações se guiarem apenas por premissas financeiras, como lucro e rentabilidade, não vejo como evitar o conflito com as posições dos governos que tem que pensar políticas muito mais amplas e com objetivos muito mais importantes, que maximizar o lucro de algumas poucas corporações locais ou internacionais.
Concluindo com o pensamento que norteia minha atuação política pessoal (na prática cheia de ambiguidades e 'vacilos' como em todo o empreender humano):
O Brasil pode ser o líder em esferas muito mais importantes que a tecnológica ou econômica, não pense pequeno...