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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sobre as equivocadas opiniões de um executivo da MS, sobre o apoio ao Software Livre pelo governo brasileiro

Li http://idgnow.uol.com.br/mercado/2010/09/14/executivo-da-microsoft-critica-posicao-brasileira-sobre-software-livre/

Expandindo um pouco o comentário que coloquei lá:


Primeiro um meta-comentário: 

Não resisti a colocar um lá uma crítica preconceituosa e imprecisa: "Infelizmente a MS não entende o que é política pública (devem ser do partido Republicano)."
Essa crítica é imprecisa, pela generalização, pois fui associando a MS, como um todo, à opinião de apenas um de seus executivos, não importa quão qualificado hierarquicamente ele seja, ou que o seu chefe tenha expressado opiniões similares em outras ocasiões, a MS tem pessoas com posições, e especificamente políticas postas em prática muito mais favoráveis ao código aberto e livre. Como em todas as organizações vemos diferentes posturas e comportamentos se manifestando as vezes de forma coesa, e por vezes de forma desconcertante.
A crítica é preconceituosa porque, de novo, generaliza para uma legenda partidária americana uma associação com um ideário que não lhe é exclusivo e que de novo como uma complexa organização tem diversas gradações de sua defesa/adoção pelos seus diversos membros. Veja-se como exemplo a postura 'verde' do governador californiano, o sr. Schwarzenegger.


Voltando ao comentário em si: 
Todo governo tem que buscar um equilíbrio entre o quanto intervem em determinados setores e quanto deixa o mercado se auto-dirigir nesses mesmos setores, pensando sempre de forma estratégica.

Em termos de estratégia, para um Brasil melhor (o que necessariamente não significa ser um país que lidere economicamente ou tecnologicamente) incentivar o software livre, e na verdade toda a cultura 'open' (Open Science, Open Data, Open Politics) é o caminho para que todos possam crescer na compreensão dos problemas e oportunidades e todos possam participar da construção de sucessivos futuros cada vez melhores para todos os brasileiros e para todo o mundo em verdade.



A inovação que é 'retida' atrás de uma muralha econômica, ou seja, que apenas aqueles que podem pagar um preço arbitrariamente estipulado podem dela usufruir, não cumpre o papel que lhe é inerente e que, de novo, por um ato do poder institucional lhe atribui benefícios exclusivos, os chamados direitos de 'propriedade' intelectual. 


O desenvolvimento colaborativo e aberto, inclusive com participação de entidades governamentais, é na verdade a forma mais eficaz de trazer a inovação e de garantir que ela possa beneficiar o maior número de pessoas e organizações, direta e indiretamente.


Enquanto as corporações se guiarem apenas por premissas financeiras, como lucro e rentabilidade, não vejo como evitar o conflito com as posições dos governos que tem que pensar políticas muito mais amplas e com objetivos muito mais importantes, que maximizar o lucro de algumas poucas corporações locais ou internacionais.


Concluindo com o pensamento que norteia minha atuação política pessoal (na prática cheia de ambiguidades e 'vacilos' como em todo o empreender humano):

O Brasil pode ser o líder em esferas muito mais importantes que a tecnológica ou econômica, não pense pequeno...